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Como sucede em qualquer pequena aldeia beirã que se preze, os habitantes de Orvalho fazem do seu artesanato uma forma orgulhosa de perpetuar os ensinamentos dos seus antepassados, na memória das gerações actuais e vindouras.
Neste contexto, o linho surge acima de todas as outras matérias-primas, como material nobre e privilegiado da cultura artesã Orvalhense. Inclusive, o linho foi, em tempos, uma das principais ocupações agrícolas desta região e não havia uma única família no Orvalho, por mais pobre que pudesse ser, que não cultivasse, pelo menos em anos alternados, o mínimo de um pequeno campo de linho. Fruto desta produção tão recorrente, naturalmente, todas as mulheres sabiam tecer o linho e faziam-no de forma exemplar.
A dada altura, a influência e importância social do linho no Orvalho já era de tal ordem que, na passagem do século IXX para o século XX, ou seja, há mais de 100 anos, a riqueza de uma família era avaliada pelo número de teadas de linho “deitadas” em cada ano.
Ainda hoje, há algumas famílias que conservam valiosas colchas dessa época, tecidas em linho e seda natural. No entanto, apesar da procura e admiração de que essas peças ainda gozam nos dias que correm, já não há muitas famílias que cultivem e teçam linho suficiente para as suas colchas, lençóis e toalhas. Mesmo assim, embora seja uma minoria residual e num contexto sócio-cultural inteiramente diferente, ainda há no Orvalho quem o faça.
Além do linho propriamente dito, o Orvalho tem ainda para mostrar aos seus visitantes, fabulosos trabalhos bordados com bainhas abertas e bonitos painéis bordados a ponto de Castelo Branco. Este último, é um verdadeiro ícone da região, com origens remotas na cidade de Castelo Branco, capital do distrito onde o Orvalho se encontra inserido e, naturalmente, cidade responsável pela influência cultural que leva à presença destes bordados na aldeia.
Por fim, embora mais modestos, é possível ainda encontrar outros tipos de artesanato típico do Orvalho. Por exemplo, as palhas do trigo, as palancas ou os juncos que crescem nas margens das ribeiras, eram aproveitados pelas mulheres de antigamente para fazer simples mas bonitos artefactos, como leques, vassouras, massos ou pequenos bancos. Também as tradicionais rodilhas, utilizadas pelas mulheres para transportar as canastras ou as jarras de água à cabeça, eram feitas artesanalmente, recheadas com lã e forradas com pedaços de roupas velhas e usadas. Infelizmente, são artes que já caíram praticamente em desuso e no esquecimento. |
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